As fontes renováveis de energia já são um assunto enfatizado e atrativo e, com isso, soluções de construções eficientes se tornaram uma demanda cada vez mais procurada na construção civil. Entre outras fontes, a energia solar fotovoltaica é a que mais se destaca nesse contexto pela integração com as edificações, podendo inclusive substituir elementos construtivos e revestimentos (BIPV).
Nesse sistema, painéis fotossensíveis transformam a energia do sol em corrente elétrica. Então, um inversor recebe a potência gerada e a converte para os padrões da rede da concessionária. A extensa área vertical disponível em fachadas de prédios comerciais, além da alta demanda energética com horários de pico diurnos, os tornariam exemplos de aplicações ideais para o sistema.
Além do impacto ambiental, os custos de uma construção também são elevados e sempre se busca reduzir esses componentes. Assim, considerando o custo de 6 a 20% dos revestimentos no custo total da edificação, há viabilidade na proposta de cortar tais custos e investir em uma tecnologia que possa substituí-los. A tecnologia fotovoltaica, em estágio inicial de desenvolvimento, possui grandes potenciais benefícios econômicos, energéticos e estéticos, atribuindo um conceito tecnológico à construção.
Com o uso de uma fonte de energia renovável e redução do impacto construtivo, sobretudo de edifícios altos na concentração de centros urbanos e com a compensação de custos de revestimento do edifício e economia de contas com a energia utilizada, evidenciam-se os ganhos ambientais e econômicos.
Como uma fonte de energia renovável de alto investimento, a adoção da Energia Solar Fotovoltaica deve ser analisada com o estudo de variáveis específicas como sua vida útil, consumo total da edificação, desempenho energético do consumo pela climatização, geração fotovoltaica, tempo de retorno de investimento e a envoltória e condições construtivas de serviço da construção. Por uma metodologia de análise dos custos evitados, edifícios revestidos com placas solares apresentam melhor desempenho econômico em relação a opções de revestimentos convencionais.
Ao estudar a paridade econômica e desempenho energético de fachada solar fotovoltaica em oposição ao revestimento com materiais usuais da construção civil, Bender et al. (2019) observou a real viabilidade econômica na utilização do sistema fotovoltaico por sua geração energética limpa e não apenas investimento estético.
No estudo, foi analisado um edifício comercial na zona urbana de Pelotas/RS com dimensões retangulares (27 m x 7,8 m) com altura igual a 13 metros. Mesmo com os painéis posicionados em uma inclinação não ideal, um modelo com revestimento e vidros fotovoltaicos pode suprir quase 60% do consumo estimado para o edifício.
É importante considerar que, em relação ao consumo por conforto térmico, na zona do estudo há uma tendência de maior consumo total e com refrigeração e menos consumo com aquecimento ao utilizar sistemas fotovoltaicos no revestimento da vedação. Já ao substituir apenas a parte transparente da edificação, trocando o vidro simples ou duplo pelo fotovoltaico, o comportamento resulta em redução de consumo total e refrigeração.
Sobre o retorno do investimento, a depender das substituições feitas, a economia gerada pelo sistema fotovoltaico deve se pagar em períodos de retorno de 2 a 3 anos, podendo chegar até 10 anos. Daí a importância de estabelecer essas substituições ainda em fase de projeto, considerando as variáveis corretas.
Portanto, o sistema fotovoltaico como opção para aplicação como revestimento, sobretudo em edifícios comerciais, é viável para a estética e economia do empreendimento e para aprimorar a compreensão e desenvolvimento da sustentabilidade atrelada à tecnologia.
Autor: Estela Maillo | Projetista