Nos últimos anos a prevenção contra incêndios vem sendo amplamente difundida no Brasil, de maneira que as edificações devem atender requisitos mínimos de segurança em sinistros com fogo. Para isso, o controle de fumaça em prédios das mais variadas ocupações torna-se crucial para a segurança dos usuários, principalmente durante a evacuação dos empreendimentos numa situação de incêndio.
Ainda se tratando da evacuação segura de uma edificação, as escadas de segurança precisam ser ventiladas para que a fumaça não se mantenha no local, evitando que as pessoas a inalem e/ou que a visibilidade seja comprometida durante a saída de uma edificação. Em alguns casos a pressurização de escadas surge como alternativa para a manutenção da segurança nessas saídas de emergência.
Mas você sabe do que se trata exatamente uma escada pressurizada?
As escadas pressurizadas são escadas de emergência onde o controle da fumaça é feito através de um sistema de insuflamento mecânico de ar no interior da escada. O ar insuflado gera um diferencial de pressão entre o interior e o exterior da escada, evitando assim que a fumaça entre no local. O insuflamento é feito por motoventiladores centrífugos, os quais são posicionados em local próprio a eles (sala de pressurização).
O sistema de pressurização de uma escada deste tipo é composto da seguinte maneira:
• Motoventilador: Máquina responsável pelo insuflamento de ar para a escada de segurança. A rotação do rotor faz com que o ar que escoa no seu interior gere uma pressão de 50Pa para a caixa da escada;
• Duto de Captação: É o responsável pela captação de ar do ambiente externo. Este duto pode ser em alvenaria ou metálico;
• Duto de Insuflamento: É o duto que une o motoventilador ao duto vertical no corpo da escada. Este duto, também pode ser executado em alvenaria ou metal, sendo rebocado internamente, no caso dos construídos em alvenaria;
• Duto Vertical: É o duto presente no corpo da escada, podendo ser de alvenaria ou metálico. No caso dos metálicos, devido a diminuição da rugosidade do material, o que gera menos atrito, o custo de material por vezes compensa na diminuição do espaço da edificação utilizado na construção destes, resultando em ganho de área nos pavimentos;
• Grelhas de Insuflamento: São responsáveis por distribuir e direcionar o ar insuflado presente no duto vertical no interior da escada. Elas devem ser distribuídas em intervalos uniformes nos pavimentos da edificação;
• Sistema de controle: Trata-se de registro de sobrepressão, ou damper motorizado acionado por sensor diferencial de pressão, a fim de impedir excesso de pressão acima de 60 Pa. Quando ocorre a sobrepressão os dampers se abrem, provocando um alívio de pressão no interior da escada de emergência, garantindo a pressão correta no interior da escada, tornando mais fácil a abertura das portas corta fogo de acesso a ela;
• Sistema Elétrico: Deve ser fornecida energia elétrica para o funcionamento do sistema de pressurização em caso de emergência, garantindo assim, o correto funcionamento do sistema, portanto, o edifício deve prever grupo motogerador automatizado de energia. O comando elétrico de início de funcionamento desse grupo se dá por meio de automatização ligada ao sistema de detecção automática de fumaça.
Figura 1: Escada Pressurizada
FONTE: CBPMSP, 2019.
Agora que conhecemos o sistema, vamos entender como ele funciona...
Em um incêndio os primeiros sinais da situação de emergência são a fumaça e o calor. Quando essa situação é detectada, seja pelo acionamento automático de um detector de fumaça ou acionamento manual de uma botoeira de alarme de incêndio, o sistema de pressurização é automaticamente ativado, fazendo assim, o motoventilador ser acionado, insuflando ar do ambiente externo e presente na sala de pressurização para o corpo da escada através das grelhas de insuflamento instaladas nos dutos de ventilação vertical que compõem o sistema. Simultaneamente os Dampers de sobrepressão atuam para evitar a sobrepressão no sistema de pressurização.
O controle de fumaça nas escadas pressurizadas pode ser feito em dois estágios diferentes:
Sistema de um estágio – Opera somente em caso de emergência, com pressão de 50Pa;
Sistema de dois estágios - Opera permanentemente sobre uma pressão de 15Pa e em caso de emergência a pressurização é aumentada para 50Pa. Este sistema é o recomendável pela norma.
Figura 2: Motoventilador
FONTE: Thórus Engenharia, 2020
Na implementação de sistemas de segurança como estes, no que tange a saídas de emergência devemos atentar para as normas de segurança vigentes em cada estado para estas situações. No Rio Grande do Sul a Resolução Técnica nº 11, parte 1 – Saídas de Emergência, 2016/CBMRS é o que norteia o dimensionamento das rotas de fuga, onde as escadas de segurança são apresentadas como parte extremamente importante dentro desta resolução. A RT 11 do CBMRS, não traz obrigatoriedade ao uso de escadas pressurizadas, fazendo apenas menção à sua utilização em detrimento a escadas enclausuradas protegidas ou escadas enclausuradas à prova de fumaça. Porém, se for o projetista optar pelo seu uso, o dimensionamento desta escada de emergência deve ser feito conforme a ABNT NBR 14880:2014 - Saídas de emergência em edifícios — Escada de segurança — Controle de fumaça por pressurização.
Vale frisar que, a escada pressurizada também é uma ótima opção para quem precisa reduzir a área do projeto ou a área ocupada pelos dutos de ventilação natural de escadas de emergência, uma vez que nelas é dispensado o uso de antecâmaras já que o duto de insuflamento de ar pode ficar dentro do corpo da escada.
Para garantir a segurança dos usuários no abandono de uma edificação, é necessário o funcionamento eficiente do sistema de pressurização e a melhor maneira para se assegurar isso é procurar por profissionais qualificados para o dimensionamento desses sistemas.
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Referências:
RT 11, parte 1/2016, CBMRS
https://thorusengenharia.com.br/escada-pressurizada-o-que-e-e-como-funciona/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20escada%20pressurizada%3F,mec%C3%A2nico%20de%20ar%20no%20ambiente.
ABNT 14880:2014
IT 13/2019,CBPMSP
Autor: Prisciane Ferreira | Projetista